A Federação Nacional da Educação (FNE) desenvolveu entre os dias 13 e 20 de outubro uma Consulta Nacional online a docentes dos Ensinos Básico e Secundário, para recolher a opinião de educadores e professores portugueses em relação às suas perspetivas sobre a carreira, o reconhecimento profissional e sobre as condições de início do novo ano letivo.
Este questionário contou com participação de 2138 educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário de todo o país, um número idêntico ao da consulta do ano passado, que tinha sido de 2154.
De forma preliminar, como primeira análise, podemos avançar que as respostas a este inquérito revelaram um fortíssimo descontentamento em relação à remuneração sendo esta uma evidência incontornável: 97,1% (tinham sido 96,7% no ano passado) afirma que a sua remuneração não está ao nível das qualificações que são exigidas para o exercício profissional.
Já quanto às expetativas de carreira, assinala-se que 94% afirmam que são pouco ou nada atrativas. No ano passado, 56,5% diziam que eram dececionantes e 39,7% que eram pouco atrativas.
De realçar que continua a ser muito expressivo o número de educadores e professores que não aconselharia um jovem a ser professor: 84,1%, o que é idêntico ao número do ano passado, 86,4%. Esta consulta procurou saber como é que os educadores e professores portugueses percebem o reconhecimento social pela profissão docente com 82,9% a considerarem que é negativo.
Os respondentes desta consulta deixaram ainda de novo o alerta de reprovação relativamente às políticas deste governo, sendo muito críticos em relação às opções do atual governo em matéria educativa, sendo que 91,9% afirma que são insuficientes e muito insuficientes. Já sobre outras questões como por exemplo a concordância com a utilização dos telemóveis pelos alunos na sala de aula nas disciplinas que leciona, 67,9% discorda e 32,1% concorda.
E tal como nas duas últimas consultas relativas à abertura e ao balanço do ano letivo 2022/2023, que revelaram como principais preocupações dos docentes o excesso de trabalho e uma excessiva carga burocrática, também esses dados se voltaram a refletir com uma forte denúncia do excesso de trabalho administrativo.
63% dos respondentes classificaram negativamente as medidas anunciadas para a desburocratização da atividade docente constantes de uma lista de simplificação definida pelo Ministério da Educação com 77,6% a afirmarem que na respetiva escola não foram adotadas medidas no sentido de diminuir a carga burocrática do trabalho que são chamados a realizar, sendo ainda extremamente preocupante que 65,9% dos respondentes (eram “apenas” 48,9 no ano passado) diga que nem todas as tarefas que lhes são atribuídas se justificam.
A FNE vai agora proceder ao tratamento integral das respostas desta Consulta e os resultados serão posteriormente apresentados em data a anunciar.